Copa do Mundo dos Direitos LGBT: Grupo H - Polônia, Senegal, Colômbia e Japão

E pra finalizar a primeira fase da Copa dos Direitos LGBT, apresentamos o Grupo H, formado por Polônia, Senegal, Colômbia e Japão. Quem será que se sai melhor? Essa chave provavelmente vai te surpreender! Confira os jogos desse grupo e saiba como está a situação da nossa comunidade LGBT nestes países!

Parada LGBT de Tóquio - Imagem: AFP/Getty Images

Neste Grupo H, a Colômbia é a grande favorita! Sim, nossa vizinha tem uma das legislações mais avançadas da América Latina (e do mundo) em relação aos direitos LGBT. E se você achou que o Japão, por ser um país superdesenvolvido com bons índices de qualidade de vida, também estaria bem nesse sentido, se enganou! Sua população LGBT ainda não dispõe de muitas proteções legais, como leis nacionais antidiscriminação e casamento igualitário. Nem mesmo união civil, salvo em algumas cidades, que recentemente começaram a emitir "certificados de parceria", que garantem apenas alguns direitos básicos. A Polônia, por sua vez, é outro lugar com quase nenhum direito para gays, lésbicas, bissexuais e transexuais, deixando o país bem longe dos parâmetros europeus. Já no Senegal, a situação consegue ser ainda pior, pois a homossexualidade ainda é considerada um crime, penalizado com até 5 anos de prisão e multa. Sem comentários, né?! Portanto, com a exceção da Colômbia, este não é um grupo muito empolgante nos direitos LGBT. Mas vamos aos resultados dos jogos!

Jogo 1: 
O primeiro jogo desse grupo é de chorar! Senegal mal entrou em campo e já foi marcando vários gols contra. Em 1960, após sua independência, a dirigência religiosa muçulmana aumentou consideravelmente sua influência e começou a promover posturas conservadoras em quase todos os aspectos da vida social, incluindo a homossexualidade, criminalizada em 1965. Infelizmente essa lei ainda continua em vigor. Já a Polônia, embora não criminalize as relações entre pessoas do mesmo sexo, também sofre uma grande influência religiosa, no caso, de católicos. Dessa forma, também acabou marcando esse gol contra. Partida sofrível!
Resultado: Polônia 8 x 1 Senegal

Jogo 2:
     
Todo mundo estava ansioso para esse jogo. E Colômbia já entrou surpreendendo e marcando importantes gols de direitos civis. Tudo começou com a descriminalização da homossexualidade em 1980. Depois, mais gols a partir de 2007, com o acesso de casais homoafetivos à união civil. E pra fechar com chave de ouro, o casamento igualitário foi legalizado em 2016. Já o Japão foi bem tímido, ficou indo pra lá e pra cá sem fazer muita coisa. O único gol que conseguiu emplacar, a partir de 2015, foi o "certificado de parceria", uma espécie de união civil, embora com menos direitos. E ainda assim, restrito a poucas cidades. Esperávamos mais da Terra do Sol Nascente, não é mesmo?!
Resultado: Colômbia 7 x 1 Japão

Jogo 3: 
  
Depois de perder feio para a Colômbia, o Japão veio pra esse jogo para mostrar que tudo é uma questão de perspectiva! Pois, afinal, comparado com o Senegal, está bem melhor. E o mesmo vale em relação aos outros países asiáticos. O Japão não criminaliza a homossexualidade, por exemplo, e sua população não é hostil e/ou violenta com a comunidade LGBT. Infelizmente o mesmo não se pode dizer do Senegal, onde a homossexualidade ainda é crime. O país africano fez vários gols contra de intolerância e discriminação. E cometeu infrações gravíssimas de direitos humanos, pois a perseguição e a violência contra LGBTs são muito recorrentes. Receberam, portanto, vários cartões vermelhos! E sua torcida também foi bastante desrespeitosa. Uma vergonha sem tamanho!
Resultado: Japão 9 x 0 Senegal

Jogo 4: 
   
A Colômbia novamente veio com tudo. Apesar de ter uma população predominantemente cristã, conseguiu mostrar que isso não é desculpa para não avançar nos direitos LGBT, marcando importantes gols. Desde 2011, há uma lei que criminaliza a discriminação baseada em orientação sexual, com penas de até 3 anos de prisão e multas. Pessoas trans já podiam alterar seu registro civil ao passar por uma cirurgia de redesignação desde 1993 e, a partir de 2015, foi publicado um decreto eliminando a necessidade de exames e da cirurgia para provar a identidade de gênero, facilitando a alteração do registro. Neste mesmo ano também foi autorizada a adoção conjunta a casais homoafetivos. E no ano seguinte, o casamento igualitário foi legalizado! Já a Polônia marcou um gol contra de influência religiosa, mostrando que se deixa levar pelos conservadores católicos, sem avançar nessas questões. Que Colômbia tenha servido de exemplo!
Resultado: Polônia 0 x 8 Colômbia

Jogo 5: 
Mais um jogo fraco e entediante desse grupo. Os jogadores das duas seleções mais pareciam estátuas, sem nenhuma iniciativa para fazer algum gol. A Polônia acabou inclusive fazendo um gol contra, de intolerância e discriminação de sua população em relação à comunidade LGBT, que não conta com quase nenhuma proteção legal. O Japão conseguiu fazer um gol tímido nesse quesito, com algumas cidades aprovando leis contra a discriminação no trabalho com base na orientação sexual e identidade de gênero, e também na provisão de bens e serviços. De qualquer forma, foi uma partida bem arrastada, com quase nenhuma iniciativa de ambos os lados.
Resultado: Japão 2 x 0 Polônia

Jogo 6: 
Senegal veio superdesfalcado para essa partida. E Colômbia pronta pra brilhar! Marcou gols importantes de inclusão, pois desde 1999, a Suprema Corte estabeleceu que gays e bissexuais podiam servir no exército e a orientação sexual não deveria ser um motivo impeditivo. Depois, desde 2015, outro gol, pois pessoas trans agora também podem servir. Além disso, a Corte Constitucional determinou em 2011 que os casais homoafetivos têm o direito à demonstração pública de afeto, não podendo sofrer discriminação por isso. Gols de visibilidade e respeito. Já o Senegal, só fez gols contra nesse quesito, pois sua população LGBT ainda precisa viver invisível, como se não existisse, e não conta com nenhuma proteção legal. Muito pelo contrário, pois a homossexualidade ainda é um crime no país. Pessoas trans também não dispõem de nenhum direito. Enfim, são os pernas de pau dos direitos LGBT! Um vexame!
Resultado: Senegal 0 x 15 Colômbia


Classificação final do Grupo H:
Colômbia: 30 pontos
Japão: 12 pontos
Polônia: 8 pontos
Senegal: 1 pontos

Santiago Arias e James Rodriguez, jogadores da Colômbia

Parabéns para a Colômbia, que veio mostrar como se deve fazer em relação aos direitos LGBT, mesmo quando se tem uma população predominantemente cristã e conservadora. Vale ressaltar, aliás, que, apesar das proteções legais, ainda existe, sim, lgbtfobia no país, inclusive assassinatos. Em 2016, por exemplo, mais de 100 pessoas LGBT foram mortas. Infelizmente esta é uma triste realidade latino-americana, compartilhada com outros países, como Brasil e México. Mas é superimportante avançar juridicamente, garantindo proteção a gays, lésbicas, bis e trans, de forma a amparar essa população e contribuir para sua visibilidade e a diminuição do preconceito. É isso que a Polônia também deveria estar fazendo, sem se deixar influenciar pela religião. O Japão, por sua vez, também precisa avançar mais, pois ainda são muito tímidas suas iniciativas. O Senegal então, nem se fala... Infelizmente ainda está bem longe do ideal. A descriminalização da homossexualidade já seria um bom começo. Só assim pra não passar vergonha!

E se você perdeu os jogos dos demais grupos, é só acessar ABCDE (grupo do Brasil), F e G para ver quais foram os classificados de cada chave. E continue acompanhando, pois no próximo post tem os jogos das oitavas de finais! Quem perder se despede da Copa do Mundo dos Direitos LGBT! 

Por Tiago Elídio

Comentários

  1. Não sabia que a Colombia era tão inclusiva!

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  2. Eu amei esta partida, não sabia tanto a respeito da Colômbia sobre a comunidade LGBTQI+, também, amei saber mais sobre, principalmente a parte que mais me envolve.

    www.blogdodeivy.com

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    Respostas
    1. Eba, que bom que gostou!! Obrigadx pela visita!! Volte sempre!! ;)

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