Pela primeira vez: LGBTs contam como foi o primeiro contato com personagens da nossa comunidade na TV ou no cinema

De Vera Verão a Simon, a representatividade LGBT+ nas telinhas e telonas mudou muito ao longo das últimas décadas... Deixou de ser algo somente estereotipado, com foco cômico e escrachado, e quase sempre com finais trágicos, para se tornar algo mais diverso, retratando todo o espectro da nossa comunidade e trazendo também finais mais felizes! Fizemos uma pesquisa com nossos seguidores e eles nos contaram qual foi o primeiro contato que tiveram com personagens LGBT+. Confira!  

Vera Verão

Vera Verão em "A Praça é Nossa" - Imagem: SBT

Êeeepa! Vera Verão foi quase uma unanimidade nas respostas. Interpretada por Jorge Lafond, foi uma das personagens de maior destaque do programa "A Praça é Nossa", do SBT, tendo participado ao longo de dez anos, entre 1992 e 2002. Antes disso, como nos informa o seguidor Gustavo, "Jorge Lafond, em 1987, fez o papel de Bob Bacall na novela 'Sassaricando'. Eu era criança, não sabia nada sobre sexualidade e gênero, não entendia, mas eu ficava alegre em ver a energia dele. Achava engraçado, eu sentia uma força diferente do padrão heterocisnormativo, eu queria ser alegre e forte como ele".

"Tinha um quê de fascínio e medo. Eu já era chamado de viadinho. Achava Vera 'dona do próprio nariz', mas não me reconhecia. Era como se ela fosse tudo o que eu não deveria ser. Sou de 77... bem no comecinho não tinha nada que não fosse esteriótipo", relatou Vitor. "Eu era criança, não sabia o que era ser gay, só fui entender isso muito depois. Achava divertido, mas era muito caricato. Ser daquele jeito não era algo que você quisesse pra si", nos disse Wilson. "Eu era criança, então eu sempre achei engraçado. Gostava de imitar, dizer os bordões quando fiquei um pouco mais velho, mas ficava tudo muito restrito à família. Entretanto, não me enxergava nela. Hoje sei da importância do personagem dela para época e enxergo como um ícone da história LGBT no Brasil", acrescentou Duilio. 

"Eu era muito criança, mas lembro da sensação de perceber como o Lafond dominava a cena e não abaixava a cabeça com a máxima de sempre: "Êpa! Bicha, não, meu amor, pra você é Vera Verão", disse Filipe. "Na época, eu sentia um misto de identificação e achava lindo, mas reprimia isso, porque a sociedade dizia que era errado. Mas eu queria muito ser igual a ela, ter a coragem que ela tinha. Achava muito incrível aquela drag maravilhosa!", destacou Victor.

Ninete

Ninete e Tieta - Imagem: Reprodução/Internet

Em 1989, a diva Rogéria dava vida à travesti Ninete na novela "Tieta", de Aguinaldo Silva. "Eu era muito pequeno (risos), só me lembro que me dei conta quando numa cena ela usou voz masculina e disse 'meu nome é Valdemar'. Na época achei engraçado, pois o contexto era esse. Aliás, como foi por muito tempo, pessoas LGBT servindo apenas de 'alívio cômico'. No caso de se me sentir representado, eu diria que foi com 'Queer as Folk'", nos contou o seguidor Jefferson. 

Vera Verão e Rogéria foram citadas também por Balbino: "Foram referências importantes, muito embora naquela época a minha orientação sexual, que devia ser clara para os outros, não o era pra mim... Isto posto, o filme que de fato mexeu com a minha estrutura do ponto de vista da aceitação foi 'Prayers for Bobby' e o filme que me moveu do ponto de vista dos afetos foi "De repente, Califórnia".

Andrew Beckett

Tom Hanks em "Filadélfia" - Imagem: Divulgação

Interpretado por Tom Hanks, Andrew Beckett é o protagonista de "Filadélfia", de 1993, um dos primeiros filmes de Hollywood a ter a AIDS como tema principal. Andrew é um advogado que trabalha num conceituado escritório de advocacia e, quando descobre que é portador do vírus HIV, é despedido. 

"Sempre fui muito aberta a tudo, mas confesso que o filme me fez ver as coisas de um novo ângulo... Na época não se falava sobre, tão pouco sobre sexo, eu tinha colegas gays (enrustidos), mas não amigas lésbicas, não tinha referências... Vim de uma cidade (sociedade) mega preconceituosa, racista, machista... Existia um medo enorme das pessoas de assumirem qualquer coisa, que não fora o 'normal' ... Sempre vinculavam gays à prostituição... Esse filme foi um propulsor a legitimar os LGBTQI+, a mostrar para todos que somos humanos, somos iguais, e podemos nos tornar aquilo que quisermos... Abriu todas as portas dos pré-conceitos que eu ainda tinha... Me fez estudar, pesquisar, conhecer, entender, lutar, conquistar e me desconstruir... O que venho fazendo até hoje...", nos contou a seguidora Gisele. 

Sandrinho e Jefferson

Sandrinho e Jefferson em "A Próxima Vítima" - Imagem: Divulgação

Em 1995, André Gonçalves e Lui Mendes interpretaram um casal homoafetivo na novela “A Próxima Vítima”, da Rede Globo. "Foi muito bom saber que era representado de modo positivo. Afinal, eles tinham a chance de começar uma vida juntos. E não eram construídos como piada!", ressaltou o  seguidor Vilian. 

Timão e Pumba

Timão e Pumba - Imagem: Reprodução/Internet

"Os seus problemas, você deve esquecer... Isso é viver, é aprender... Hakuna Matata". O adorável javali Pumba e seu camarada suricata Timão mantêm um estilo de vida sem preocupações "Hakuna Matata", que lhes traz muitos problemas na selva... Apareceram pela primeira vez em 1994, no filme "O Rei Leão", e conquistaram tanto o público, que tiveram o próprio desenho, entre 1995 e 1999. "Timão e Pumba não eram exatamente um casal gay assumido pela produção do filme. Mas acredito que isso ficou implícito nas cenas do filme. Como eu era uma criança gay, na época eu achei incrível ter uma identificação com aqueles personagens. Mas acho que hoje existem exemplos bem melhores em desenhos animados. Exemplos disso são desenhos como: SheRa, Kipo e Korra!", declarou o seguidor Leandro.

Tudo Sobre Minha Mãe

Lola em "Tudo Sobre Minha Mãe" - Imagem: Divulgação

Em 1999, era lançado o filme "Tudo Sobre Minha Mãe", do grande diretor espanhol Pedro Almodóvar. Entre as personagens, Lola e Agrado, duas travestis... "Foi tudo muito novo. Eu tinha 20 anos, e naquela época, podia exceder a capacidade da sala de cinema e eu assisti sentado no chão, porque não tinha mais cadeiras vagas. E Almodóvar é sempre Almodóvar", nos contou Fábio.

Bob Esponja

Bob Esponja - Imagem: Reprodução/Internet

"Celebrando o Orgulho com a comunidade LGBTQ+ e seus aliados neste mês e em todos os meses", assim escreveu a emissora Nickelodeon agora em junho em um post que incluía o nosso querido Bob Esponja. O desenho foi criado em 1999 e muitos já haviam especulado sobre ele e sobre sua relação com Patrick, a estrela do mar. "Eu sabia que ele se comportava de uma forma parecida comigo, porém ele vivia normalmente. Eu era repreendido", nos disse o seguidor Itamar. 

Queer As Folk

Elenco de "Queer As Folk" - Imagem: Divulgação

A série "Queer As Folk" trouxe pela primeira vez o protagonismo homossexual para a TV! Quase todos os personagens eram da nossa comunidade e ela retratava diversas situações e conflitos vivenciados por LGBTs. A versão estadunidense foi ao ar entre 2000 e 2005 e aqui no Brasil também ficou conhecida como "Os Assumidos", sendo transmitida na TV paga. "Na época eu era novo, não era assumido, nem nada. Daí tinha aquela adrenalina de estar assistindo e alguém da família ver (risos). Fora que não era em muitos lugares que a gente via casais LGBT+ na mídia", relatou o seguidor Erik. 

Júnior

Júnior e Zeca em "América" - Imagem: Divulgação

Em 2005, o galã Bruno Gagliasso interpretou Júnior em "América", novela das 21h da Globo. O jovem, sufocado pela mãe, se descobre gay ao longo da trama e se apaixona pelo peão Zeca, interpretado por Erom Cordeiro. No último capítulo, todos que aguardavam o esperado beijo entre os dois, que havia sido gravado, levaram um banho de água fria, pois a cena foi cortada no último momento. "Eu me lembro que fui começar a perceber certa semelhança com um personagem gay na novela em América. Era um jovem comum e me lembro que, quando ele pensava nas coisas ou era quase pego no flagra, eu ficava nervoso assim como ele. Hoje refletindo sobre isso posso afirmar que seria a representatividade vista na TV, a empatia por saber que o outro passava pelo mesmo que você. A internet hoje ajuda muito na disseminação de conteúdo e tudo mais, entretanto a TV aberta ainda alcança uma parcela da população desconhecedora da causa e muitas vezes por falta de acesso à informação mesmo, seja pela idade, falta de condição financeira ou costume, e nesse sentido acho que as novelas contribuem muito", refletiu o seguidor Josué. E Rodrigo parece estar de acordo: "A sensação foi de que não existia só eu desse jeito. Ainda não me aceitava e demorou pra acontecer, depois dessa novela, mas com certeza ajudou".

RuPaul

RuPaul - Imagem: Reprodução/Internet

Uma das drags mais famosas do mundo, RuPaul ficou muito conhecida por seu reality show "RuPaul's Drag Race", a adorada competição de drags que está no ar desde 2009. "Maravilhosa! Foi no período em que eu estava começando a me descobrir e ele abriu meus olhos para preconceitos que eu tinha e não sabia e também apresentou a luta que muitos LGBT sofreram e eu não, me deixando mais compreensivo da luta LGBT", nos disse o seguidor Guilherme.

Félix

Félix - Imagem: Divulgação

Em 2013, na faixa das 21h da Rede Globo, estava no ar a novela "Amor à Vida". Entre os personagens, Félix Khoury, gay enrustido interpretado por Mateus Solano. Embora comece a trama como um vilão, se torna um bom moço no final. No último capítulo, aliás, ocorre o primeiro (e super aguardado) beijo entre pessoas do mesmo sexo em uma novela da Globo, entre Félix e Nico, interpretado por Thiago Fragoso. "Me senti representado e feliz, principalmente depois do beijo gay", afirmou o seguidor Rafael. 

Simon

Simon - Imagem: Divulgação

Em 2018, um dos filmes mais fofinhos de temática gay é lançado: "Com Amor, Simon". Simon é um adolescente de 17 anos que aparenta levar uma vida comum, mas sofre por esconder um grande segredo: não revelou ser gay para sua família e amigos. E tudo fica mais complicado quando ele se apaixona por um dos colegas de classe, anônimo, na internet. Apesar dos conflitos, o filme tem um final feliz e fofo, para nossa alegria! "Acho que foi um alívio, de ter me encontrado e me identificado com o personagem, mesmo que tenha depois do filme mantido o segredo foi a melhor coisa que eu poderia sentir em tanto tempo, ver o Simon recebendo apoio dos amigos, e meus amigos também me apoiando, foi formidável", nos contou o seguidor José. 


Obrigado a todos que participaram e compartilharam suas histórias com a gente! 
E que tenhamos cada vez mais representatividade e diversidade na TV e no cinema!
Ah, se você não participou da pesquisa, conta pra gente também aqui embaixo como foi seu primeiro contato com personagens da nossa comunidade! :)

Por Tiago Elídio...

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