Copa do Mundo dos Direitos LGBT: Grupo E - Brasil, Suíça, Costa Rica e Sérvia

E finalmente chegou a hora do Brasil! Visto como um dos grandes favoritos no futebol (apesar do fatídico 7 a 1 contra a Alemanha), como será que o país se sai na Copa dos Direitos LGBT?! Seus adversários são Suíça, Costa Rica e Sérvia. A Suíça é um dos grandes destaques dessa chave. E os outros dois oponentes, será que estão bem preparados? Confira!

Parada do Orgulho LGBT de São Paulo - Imagem: José Cordeiro/SPTuris

Este, na verdade, não é um dos grupos mais fortes dessa Copa. Com exceção da Suíça, a grande favorita, Brasil, Costa Rica e Sérvia não estão muito bem preparados, pois ainda têm muito o que melhorar em suas ações voltados à nossa comunidade LGBT. A própria Suíça, apesar do destaque, também poderia fazer ainda melhor, pois, no país, por exemplo, ainda não está permitido o casamento entre pessoas do mesmo sexo, apenas a união civil. Para que seja autorizado, é necessária antes uma mudança constitucional. O debate no parlamento para que isso aconteça deve começar somente no ano que vem. Além disso, a adoção também sofre algumas restrições e não está autorizada a casais homossexuais. De qualquer forma, o país garante diversos direitos que muitos lugares ainda restringem. E sua população LGBT é respeitada, sem sofrer hostilidade e violência.

Parada do Orgulho LGBT de Zurique - Imagem: Zurich Pride Festival

Na Costa Rica, uma decisão proferida pela Corte Interamericana de Direitos Humanos em janeiro determinou que o país reconheça direitos plenos aos casais do mesmo sexo e permita a troca de identidade sexual nos registros civis. No entanto, isso ainda não foi posto em prática, pois nos últimos meses houve eleições no país e um dos candidatos à frente na disputa era um pastor evangélico contrário ao casamento igualitário. Ele acabou sendo derrotado no segundo turno por Carlos Alvarado, defensor da união e de um Estado laico e de uma agenda de direitos humanos. Portanto, há previsão de melhora para a comunidade LGBT costa-riquenha no futuro próximo.

Parada do Orgulho LGBT de San José, Costa Rica - Imagem: Lindsay Fendt/The Tico Times

A Sérvia, por sua vez, está longe do patamar da maioria de seus vizinhos europeus. Com forte influência da igreja ortodoxa, o país ainda é muito conservador e sua população LGBT ainda não dispõe de muitas garantias legais, como o casamento e a adoção. Além disso, essas pessoas sofrem muita hostilidade e violência. Em 2010, por exemplo, várias ficaram feridas durante a Parada do Orgulho LGBT de Belgrado. Isso fez com que, nos três anos seguintes, o evento fosse proibido devido a fortes ameaças de grupos extremistas. No entanto, há algumas perspectivas de melhora, pois, desde o ano passado, a Sérvia tem como primeira-ministra Ana Brnabić, que é assumidamente lésbica. Ela inclusive participou da última Parada de Belgrado. Porém, muitos questionam se ela de fato trará benefícios para a população LGBT ou se isso é apenas uma jogada política para entrar na União Europeia.

Primeira-ministra serva Ana Brnabić durante a Parada de Belgrado - Imagem: Tanjug/Milutin Marković

Já o Brasil, embora tenha dado importantes passos nos últimos anos, como o casamento igualitário em 2013, e o direito para transgêneros a terapia hormonal, cirurgia de redesignação e alteração de nome, ainda é um país extremamente machista e lgbtfóbico. A cada ano, centenas de pessoas morrem vítimas de homofobia e transfobia. E milhares sofrem preconceito diariamente. O futebol, por exemplo, é um desses ambientes difíceis e hostis, com muita agressão verbal por parte das torcidas. Já na música, uma drag queen é uma das maiores projeções nacionais, contribuindo bastante para a representatividade da comunidade LGBT. Um país de contrastes, portanto! Mas vamos aos resultados dos jogos!

Jogo 1: 
          
Jogo morno entre os dois países. Um joga a bola pro outro, que joga pro outro e assim vai... Até rolam algumas tentativas de gols, mas ainda ficam acertando muito na trave. Precisam se esforçar mais!
Resultado: Costa Rica 0 x 0 Sérvia

Jogo 2: 
Grande expectativa para o primeiro jogo do Brasil. Mas a Suíça não perde tempo e domina a bola logo no início, marcando gols importantes, como lei antidiscriminação, direitos de transgêneros e união civil. O Brasil vai em cima, dribla e consegue marcar um gol de casamento igualitário. Mas a Suíça não deixa barato e domina a bola novamente, fazendo belos gols de respeito. O Brasil, ao contrário, perde a linha e marca algumas faltas violentas. Resultado: outro 7 a 1! Vergonha nacional!
Resultado: Brasil 1 x 7 Suíça

Jogo 3: 
          
Depois do vexame da partida contra a Suíça, o Brasil veio para esse jogo querendo mostrar serviço, e conseguiu logo no início marcar um gol de direito de adoção para casais homoafetivos. Mas depois não quis mais arriscar e ficou só no toque de bola. E os jogadores da Costa Rica ficaram fazendo o papel do bobo, sem conseguir pegar a bola.
Resultado: Brasil 1 x 0 Costa Rica

Jogo 4: 
 
A Suíça começou bem o jogo, dominando a bola, driblando os jogadores sérvios e chutando pro gol. Conseguiu marcar alguns gols de direitos civis e outros bateram na trave. A Sérvia bem que tentou contra-atacar, mas como estava despreparada, acabou marcando alguns gols contra de homofobia. A torcida, nada contente, foi bastante hostil, com insultos preconceituosos.
Resultado: Sérvia 0 x 7 Suíça

Jogo 5: 
  
Buscando a classificação, o Brasil começou a partida dominando a bola, o que não foi muito difícil, pois os jogadores da Sérvia não pareciam muito animados para o jogo. Nosso país então logo marcou um gol de casamento igualitário, deixando o país do Leste Europeu ainda mais desanimado. O Brasil então tentou marcar também um gol de lei federal anti-homofobia, mas acabou ficando na trave, restrita a alguns estados.
Resultado: Sérvia 0 x 1 Brasil

Jogo 6: 
          
Bem confiante, a Suíça veio preparada para ganhar. Já a Costa Rica, ao contrário, parecia preparada para perder, pelo desânimo e pela apatia dos seus jogadores. O país europeu então aproveitou e marcou vários gols de direitos e respeito. Como podemos observar, a Costa Rica está fora de forma no direitos de trans e a influência religiosa pesa bastante no seu desempenho. Precisa avançar mais para conseguir jogar de igual a igual com uma equipe como a Suíça.
Resultado: Suíça 7 x 0 Costa Rica


Classificação final do Grupo E:
Suíça: 21 pontos
Brasil: 3 pontos
Costa Rica: 0 pontos
Sérvia: 0 pontos


Xherdan Shaqiri, jogador da Suíça - Imagem: Thanassis Stavrakis/Associated Press

Apesar de não garantir ainda direitos plenos para sua população LGBT, como o casamento igualitário e a adoção para casais homoafetivos, a Suíça conseguiu ficar à frente, pois garante algumas prerrogativas básicas, como união civil e adoção para indivíduos homossexuais, direitos para transgêneros, além de contar com uma legislação antidiscriminação. O Brasil, por sua vez, apesar de ter avançado bastante em proteções legais, ainda sofre muita influência religiosa, como vimos em 2011 com a proibição do kit contra a homofobia. Além disso, gays, lésbicas, bissexuais e trans ainda sofrem muito preconceito e violência, sendo inclusive frequentemente vítimas de assassinato. Isso deixa o país ainda numa posição baixa. Mas, mesmo assim, o Brasil consegue ficar à frente quando comparado com muitos países, como, por exemplo, Costa Rica e Sérvia, que, como vimos nessa Copa dos Direitos LGBT, ainda têm muito a avançar.

No próximo post, chegou a hora do Grupo F, formado por Alemanha, México, Suécia e Coreia do Sul. Quem será que se sai melhor e se classifica para as oitavas?! Faça suas apostas! E se você perdeu os jogos do Grupo A, B, C e D, é só acessar aquiaquiaqui e aqui, respectivamente, para ver quais foram os classificados de cada chave.

Por Tiago Elídio

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