Montreal... a aceitação da diversidade é bela... alegria!


Montreal partilha com as outras cidades da província de Quebec uma notável singularidade em relação ao restante do Canadá que se reflete no idioma, na religião, nos costumes, na política, estendendo-se para inúmeros aspectos da forma de viver do quebequense.

Rue Sainte-Catherine, Le Village Gai - Foto: Luiz Sanches

A cidade de influência europeia confirmou a sua predileção pelos valores humanistas e culturais com leis que garantiram e sacramentaram o idioma e valores franceses, o que teve como consequência a perda do posto de capital financeira do país com a migração de muitas empresas com comunicação calcada no inglês para a multicultural e neoliberal Toronto, em Ontário.

Detalhes de obras do artista canadense Kent Monkman expostas no Musée des beaux-arts de Montréal

Atualmente o divisionismo quebequense, que já quase levou à independência da província, está cada vez mais enfraquecido, apontando para um amadurecimento e apaziguamento na relação entre Quebec e o país como um todo.

Em comum, a nação e sua capital cultural demonstram respeito e valorização das populações taxadas de minorias, demonstrando entendimento de que estes grupos são confrontados com barreiras sociais que os impendem de viver plenamente em sociedade. Uma série de leis e medidas foi intensificada a partir de meados de 2000 e confere ao Canadá e, especialmente a Montreal, um ambiente respeitoso e amigável para a população LGBTIQA+.


Fachada do estação de metrô Beaudry - Foto: Luiz Sanches

Inúmeras associações de defesa e apoio estão estabelecidas e articuladas para proporcionar o real funcionamento desta rede e o alcance deste público.

Para as pessoas que visitam a cidade, todas as estações do ano são devidamente pontuadas e podem oferecer atrativos. Mesmo no rigoroso inverno, com dias de apenas 7 ou 8 horas, o quebequense aproveita seus parques e montanhas que cercam a cidade para praticar esportes no gelo. O outono e a primavera encantam pelo colorido característico destas épocas, mas o verão de Montreal provoca o ápice da vida social.

Le Village Gai, Montreal - Foto: Luiz Sanches

Com milhares de restaurantes, uma cultura de cafés intensa, agitadíssima vida noturna, rica vida cultural, generosa arquitetura, bela natureza ao seu redor, alto grau de desenvolvimento humano, baixíssimos índices de violência, movimentada vida estudantil e uma infinidade de incríveis eventos, a cidade parece deixar clara a satisfação que seus habitantes têm com o estilo de vida que escolheram e nenhum arrependimento para o posto de “capital financeira” cedido à capital de Ontário.

Apesar de haver bairros que apresentem uma propícia e real presença queer, como o hipster Mile-end, não há nada comparável ao Le Village Gai onde casas históricas com tijolos aparentes e esplendorosos jardins vizinham com uma concentração de estabelecimentos para o público LGBTIQA+ que supera cidades alfas como Nova Iorque, Cidade do México e São Paulo.

Jardim do Turquoise Bed & Breakfast - Foto: Luiz Sanches 

Fechada para o trânsito de carros durante todo o verão, a Rue Sainte-Catherine é permanentemente decorada com bolas cor-de-rosa e oferece mais de um quilômetro de variadas opções de lazer, serviços e cultura, de arte de rua a cafés despojados, de cabarés com shows de talentosas drag queens a sofisticados restaurantes para mulheres, de saunas, clubes de sexo e shows de aberrações no sex-freak circus a pet shops, de boates de hip-hop, noites rockers e after hours a galerias de arte, de escolas de pole dance a abrigos e associações de apoio a LGBTIQA+.

Le Village Gai, Montreal - Foto: Luiz Sanches 

Montreal parece ter sabido manter o equilíbrio saudável entre prosperar e aproveitar, enquanto seu Le Village Gai parece condensar o melhor do espírito canadense no seu slogan oficial: acceptation de la belle diversité et… gaieté! (a aceitação da diversidade é bela... alegria!).

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