Cidade do Cabo, destino gay-friendly na África do Sul, tem até mesquita gay que acolhe homossexuais muçulmanos

Consolidando sua reputação de cidade africana com uma perspectiva global, cosmopolita e multicultural, a Cidade do Cabo, na África do Sul, não poderia deixar de ter locais voltados ao público LGBT. A cidade, que ficou em segundo lugar no ranking das 10 cidades para visitar em 2017 feito pelo famoso guia de viagens Lonely Planet, tem inclusive uma mesquita dirigida por um imã abertamente gay que acolhe homossexuais muçulmanos.

Com uma população de cerca de 3,5 milhões de pessoas, dizem que a Cidade do Cabo está para a África do Sul assim como o Rio de Janeiro está para o Brasil. É um verdadeiro cartão postal com belas paisagens e muito a oferecer, tanto para quem gosta mais de natureza, quanto para quem prefere uma badalação urbana.

Vista da cidade com a Montanha da Mesa - Foto: Site CapeTown Travel

O horizonte da cidade é dominada pela Montanha da Mesa, um platô a mil metros de altitude com três quilômetros de extensão. Para subir até lá, pode-se usar o bondinho ou então fazer uma trilha. Lá de cima é possível ver toda a cidade, incluindo o estádio de futebol construído para a Copa de 2010, além do Cabo da Boa Esperança e da ilha Robben, onde Nelson Mandela ficou preso durante 18 anos. Também lá em cima, é possível observar a fauna e a flora local, pois essa área faz parte do Parque Nacional Montanha da Mesa.

Outro ponto de destaque na cidade é o bairro de Bo-Kaap, um dos mais antigos da Cidade do Cabo. Os primeiros moradores eram descendentes de escravos trazidos das colônias holandesas do Sudeste Asiático, conhecidos como "malaios do Cabo". Depois se juntaram os descendentes de escravos trazidos do subcontinente indiano e, posteriormente, vieram os imigrantes muçulmanos, que fundaram no local a primeira mesquita da África do Sul, em 1795. O bairro hoje é famoso por suas casas coloridas, pintadas após o fim do apertheid como símbolo da diversidade racial. No entanto, Bo-Kaap enfrenta nos últimos anos um processo de gentrificação. Para entender melhor sobre isso, recomendo este artigo d'O Globo.

Bo-Kaap - Foto: Site CapeTown Travel

E a cena LGBT?

A África do Sul foi um dos primeiros países a proibir constitucionalmente a discriminação baseada em orientação sexual, em 1996. Dez anos depois, foi o primeiro país africano a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. É, portanto, no continente africano, o país com mais direitos civis para LGBTs, recebendo inclusive milhares de gays que são perseguidos em outros países da África que ainda condenam civilmente a homossexualidade, como Nigéria e Uganda.

Zanele Muholi - Autorretrato - Imagem: Site Artthrob

No entanto, na prática, muito ainda precisa ser conquistado na África do Sul. Um dos problemas enfrentados pelo país, por exemplo, é o de mulheres lésbicas negras que sofrem estupros "corretivos". E para dar visibilidade a essa questão, a artista e ativista visual sul-africana Zanele Muholi desenvolveu um bonito trabalho fotográfico que retrata as lésbicas negras do país. “Eu sinto que tenho de tomar uma atitude reescrevendo a história visual que negou a existência de tantas lésbicas. Eu estou dando a elas o direito à fala. Com essas imagens da cultura das negras lésbicas, eu quero educar e influenciar a política da África do Sul. E inspirar outros a dividir suas histórias”, afirma em depoimento publicado neste artigo do iGay, que vale muito a leitura para conhecer mais sobre este belo trabalho! E também o vídeo abaixo! ;)


Outro sul-africano que merece destaque é o imã Muhsin Hendricks, que fundou na Cidade do Cabo a primeira mesquita aberta aos homossexuais. Tudo começou em 1996, quando ele criou o grupo "Inner Circle" (Círculo Interior), uma comunidade de apoio para todos os muçulmanos que se sentiam rejeitados por sua orientação sexual. Cinco anos depois, abriu sua própria mesquita. "Com a comunidade muçulmana, há uma relação de amor e ódio. Às vezes eles gostariam de me jogar do alto da montanha, mas outras vezes apreciam que haja um imã pronto para trabalhar com as pessoas que eles não querem acolher", afirmou em depoimento publicado por este artigo do G1. Sem dúvida, é uma bela iniciativa que ajuda a romper estereótipos e paradigmas.

Imã Muhsin Hendricks - Foto: Rodger Bosch/AFP

E o bairro mais gay-friendly na Cidade do Cabo é o De Waterkant, que concentra os estabelecimentos voltados ao público LGBT. Aqui no site GayCapeTown4u, você encontra todas as informações dos lugares que podem te interessar! Além disso, a Folha de SP publicou recentemente um artigo sobre a África do Sul, destacando sete programas LGBT para curtir na cidade: o bar e restaurante Cafe Manhattan, o cabaré com shows de drags Gate 69, o restaurante Grand Africa para tomar um drink em frente ao mar, o First Thursdays, evento em que galerias e centros culturais ficam aberto até tarde sempre na primeira quinta do mês, a hospedaria Tom's Guest House, caso procure algum lugar friendly para se alojar, os tours de um dia pela cidade da Friends of Dorothy e a balada Crew Bar. Para mais detalhes, aqui está o artigo.

Cafe Manhattan - Foto: Site GayCapeTown4u

Um dos maiores eventos LGBT da Cidade do Cabo é o Mother City Queer Project (MCQP), que acontece em dezembro. Trata-se da maior festa a fantasia da África do Sul, que começou em 1994, ano em que terminou o apertheid e a homossexualidade deixou de ser criminalizada no país e os gays puderam enfim sair do armário. O MCQP é como um carnaval fora de época que celebra a diversidade de forma criativa e divertida, reunindo cerca de 10 mil pessoas! Ano passado o tema foi "The Musical", em referência aos grandes musicais. Como o fim do ano ainda está longe, aqui vai o site oficial para você conferir mais pra frente a data e o tema deste ano.

MCQP - Foto: Site GayTravel4u

É claro que lá também não falta a Parada do Orgulho LGBT, que acontece no final de fevereiro e início de março. São 10 dias de eventos, que incluem festas, manifestações e, claro, a parada! Para ver o que rolou este ano e se programar para o ano que vem, acesse aqui o site oficial.

Vale mencionar também outro evento que rola na África do Sul, o Pink Loerie Mardi Gras and Arts Festival, na cidade costeira de Knysna, na Garden Route, a cerca de 5 horas de carro da Cidade do Cabo. São vários dias de celebração, festas e várias outras atividades com muito rosa, glitter e glamour! De acordo com a descrição do evento, são "ursos, fadinhas, princesas, princesonas (sapos e sapas também), reis e fabulosas rainhas (vulgo queens) em um moderno dia de conto de fadas LGBTI". A edição deste ano rola justamente essa semana, entre os dias 26 de abril e 1º de maio. Para conferir mais detalhes, acesse aqui.

Pink Loerie - Imagem: Facebook oficial

Ah, e para quem quiser tomar um sol na Cidade do Cabo (dizem que a água é fria!), a praia mais gay da cidade é a Clifton 3rd. Para quem curte naturismo, a pedida é a Sandy Bay. E para conferir todas as atrações da Cidade do Cabo e obter informações práticas, basta acessar os sites oficiais de turismo da cidade: o Cape Town Travel e o Go to Cape Town.

Para finalizar, vale mencionar um dos museus que ainda nem abriu, mas já é um dos mais falados de 2017! Trata-se do Zeitz Museum of Contemporary Art Africa, ou simplesmente MoCAA. Será a maior galeria de arte contemporânea africana do mundo e vai abrir as portas no dia 22 de setembro na Cidade do Cabo, em um antigo conjunto de silos de grãos da cidade. Para acompanhar mais detalhes, é só acessar a página oficial no Facebook.


MoCCA - Imagem: Site Zeitz Foundation

Por tudo isso, a Cidade do Cabo é definitivamente um dos lugares a serem colocados na lista dos destinos para visitar e conhecer! Fica a dica! ;)

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