Peça em São Paulo aborda as trajetórias de jovens LGBT negros nas periferias

Concebida e escrita por Igor Valentin, a peça Picumã - Asas de passarinho preto é um monólogo que surgiu do impulso em resgatar as memórias da infância e da adolescência relacionadas ao que é ser jovem, negro e LGBT na periferia com o peso da desigualdade social e de vários preconceitos ao mesmo tempo.

Foto: Página Oficial no Facebook

O protagonista é o menino Catatau, cuja história remete a de muitas outras crianças e jovens negros e negras que moram nas periferias das grandes cidades, sofrem bullying, são incompreendidos pelos pais e enfrentam diariamente muitas outras adversidades. 

Aliás, o nome da peça, Picumã, além de ser um pássaro de plumagem negra, remete a um dos elementos pelos quais muitos negros e negras sofrem preconceito. Na gíria gay, picumã significa cabelo. E quantxs já não tiveram a infelicidade de ouvir que têm "cabelo ruim"? Mas felizmente as coisas estão mudando hoje em dia e, cada vez mais, vemos negros e negras empoderadxs e orgulhosxs de seus cabelos! Isso aí! Força no picumã! :D

Picumã - Foto: Tycho B. Fernandes

Segundo Igor, "a dramaturgia do espetáculo é um convite para uma escuta poética, em que a palavra é a imagem da cena. Não é apenas o discurso político, mas uma narrativa que conta estória, que percorre caminhos sonoros em busca do atravessamento dos sentidos, que detalha e mergulha nesse universo entre becos, panoramas de lajes e rebocos, de uma de uma alma bicha preta nos contrastes da cidade".

“O espetáculo surge quando percebo que há poucos trabalhos que abordam a temática LGBT a partir do ponto de vista de pessoas negras e pobres. Eu tenho que esperar cruzar a ponte que divide meu bairro com o centro para poder exercer a minha afetividade em busca de um 'lugar seguro', resquícios de um país com tradição escravocrata e extremamente lgbtfóbico”, afirma Igor em entrevista ao blog Preta, Preto, Pretinhos.

“Neste momento, muitos jovens negros e LGBTs – principalmente os do grupo T (Trans) – estão morrendo. Estar nos espaços de privilégio, como o Oscar, ou na universidade, ou no trabalho, precisa ser construtivo não só para nós mesmos, como indivíduos, mas para toda a comunidade. Temos que sair para a rua, colocar a cara no sol e nos fortalecermos”, conclui Igor.

Portanto, é uma boa dica cultural para quem estiver em São Paulo! Além disso, a entrada é gratuita!

As próximas apresentações são:
8 de abril – Cia. Paideia (r. Darwin, 153, Jardim Santo Amaro – ao lado do shopping Boa Vista), 14h
5 e 6 de maio – Centro Cultural Monte Azul (av. Tomás de Sousa, 552, Jardim Monte Azul – próximo do metrô Giovanni Gronchi e do Terminal João Dias), 20h

E para acompanhar as novidades, é só curtir a página da peça no Facebook: Picumã - Asas de passarinho preto.

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