Viagem cinematográfica: USA em AHS - Hotel

Por Luiz Sanches

Os hóspedes deste hotel estão em estágios diferentes de um mesmo processo, todos precisam queimar para renascer das cinzas.


Imagem: Cenas de American Horror Story

Neste fluxo de transformação do velho para o novo, da aceitação do desejo, em aprender o prazer de se falar segredos em voz alta e a lidar com a vergonha e a liberdade de estar desnudo, estão excêntricos personagens.

A condessa Elizabeth, que foi infectada pelo vírus há muito tempo, viveu seu apogeu de alegria e liberação no fim dos anos 70, quando a escuridão era luz e a noite era um território de confraternização e absolvição, e lamenta a perda e tantas mortes de amigos nos anos 80. Ela aprendeu a beleza do vírus que pode fazer você nunca envelhecer. Com um sistema imunológico aprimorado, sabe que amor e prudência são as chaves do entendimento de que não é o vírus que transforma o infectado, não é quem ele mata ou com quem ele transa e, sim, o sofrimento por onde se passou.


Imagem: Cenas de American Horror Story

Não tem a ver com o porquê querer morrer, tem a ver com o porquê continuar vivendo. E ela encontra as suas respostas em noites de flertes em exibições de filmes expressionistas em cemitérios, desfiles de moda, relacionamentos amorosos sem preconceitos, numa família criada por ela e que está sempre por perto (em caixões de vidro no porão ou em quartos do hotel) e em grandes amizades como a da transexual Liz Taylor.

Liz, para não viver em eterno sofrimento, foi obrigada a afastar-se da família e abandonar a identidade complacente que o mundo precisava que ela fosse, assumindo quem realmente ela nasceu para ser, atingindo a plenitude pessoal e poder sobre a base sólida da verdade e, assim, reconquistando a família e o amor.


Imagem: Cenas de American Horror Story

Elas convivem com desajustados sociais que desde as primeiras idades da infância tiveram coisas importantes tiradas pelo mundo, que os tomou como estranhos e bizarros. Jeffrey Dahmer e Aileen Wuornos tiveram vidas de sofrimento e abandono e, em reação a isto, passaram a dar tudo o que tinham gratuitamente, antes que tomassem, para fingir que isto não machucava. Gay e lésbica tratados como aberrações que acabaram por de fato se tornar. Ambos morreram dentro do sistema carcerário americano antes de começarem a reunir-se entre amigos no hotel, como John Lowe.

John vai precisar sair da inércia que se encontra preso. Superar um trauma que não o deixa voltar e nem seguir em frente. E no caminho se envolve com Sally McKenna, que catalisa a fuga da dor existencial de todos os hóspedes que convivem com o demônio do vício, e com James Patrick March, que o fará repensar a honestidade consigo mesmo e a expectativa pessoal com o comportamento alheio.

Imagem: Cenas de American Horror Story

Há também Donovan e Hazel, que vão aprender a lidar com uma relação amorosa idealizada e fora das suas expectativas; Tristan, que canalizará sua agressividade masculina de quem reafirma a heterossexualidade num relacionamento aberto e em aplicativos gays até encontrar o amor com Liz; Ramona e Alex, que irão redescobrir o refúgio familiar fazendo movimentos inversos nesta jornada; e Iris, que terá de morrer para aprender a viver.

Imagem: Cenas de American Horror Story

Neste hotel sob nossa administração, a esperança de que ao mundo não falta beleza, falta engajamento.

Imagem: Cena de American Horror Story

E quem visitar Los Angeles pode se hospedar no Hotel Cortez (317, South Spring Street). Para conhecer o que a cidade tem a oferecer, confira o post sobre a primeira temporada de American Horror Story: Murder House. E veja também os posts sobre AsylumCoven e Freak Show.

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