Viagem cinematográfica: USA em AHS - Murder House

Por Luiz Sanches

A estreia de American Horror Story se passa em Los Angeles, numa casa impregnada de uma força negativa que se alimenta das infelicidades dos seus moradores, como uma bateria que retém energia, catalisando dúvidas, traumas, ressentimentos, angústias, dor, frustrações, ansiedade, arrependimentos, medo, tristeza, culpa e perversão. E para conseguir se expressar, a “Murder House” (1130 Westchester Pl, Los Angeles) utiliza os fantasmas que tentam em vão resolver suas questões pessoais. Aprisionados entre os dois mundos, no local onde morreram, eles só podem servir de condutores para a casa.

Imagem: Cenas de American Horror History

Neste microcosmo doméstico, questões familiares mal resolvidas permeiam cada uma das personagens num leque que perpassa problemas financeiros, interesse sexual, traição, maternidade e paternidade, rebeldia e confusão adolescente. Os moradores, vivos ou mortos, subprodutos de vivências altamente insatisfatórias, imersos numa eterna busca de satisfação de desejos que não são atingidos, e num sentimento de ignorância da causalidade das suas situações que motivam reações em cadeia, servem apenas para alimentar um circulo vicioso de insatisfações... A “murder house” é um consultório psicológico, literalmente. Sobretudo quando o psicoterapeuta Ben começa a atender seus clientes no local.

O primeiro capítulo tem grande apelo visual, principalmente por conta da constante exposição da nudez atlética do pai da família, inclusive com uma cena de masturbação. A história se desenrola em função das descobertas do passado dos últimos moradores da casa, um casal gay numa relação desgastada pela heteronormatividade.

Imagem: Cenas de American Horror History

Para descobrir o passado da casa, Vivian, a mãe da família atual da residência, participa de um roteiro turístico pelos locais de crimes e de paranormalidade da cidade (inspirado no real "Dearly Departed Tours"), no qual está incluída a casa. Com isso, entre outras histórias, é representado o sensacionalismo deste tipo de passeio ao narrarem a versão de flerte seguido de crime de ódio para o assassinato do ator homossexual assumido Salvatore Mineo Jr, ou Sal Mineo.

A interação entre os dois casais teve o seu clímax no capítulo duplo de Halloween. Enquanto Chad e Vivian recortam morcegos, Patrick bolina Ben. O feriado serve também para intensificar o conflito de traições entre os casais.

Imagem: Cenas de American Horror History

Enquanto Vivian se masturba e tem sonhos eróticos com o policial atlético, negro e solícito, Luke, sua filha Violet e o namorado Tate descobrem pornografia gay no sótão e ambos revelam que acham isso excitante. O episódio “homem de borracha” esclarece finalmente todas as questões em aberto sobre o passado do casal gay e porque Tate veste a fantasia sexual de látex comprada por um deles (na loja Syren - 2809 1/2 Sunset Blvd, Los Angeles).

Logo após presenciar o sexo lésbico entre as duas ninfas da primeira temporada, a empregada sexy Moira e a sensual aspirante à estrela Elizabeth Short, todos os personagens estão equalizados sobre a paranormalidade da casa.

Após o embate final entre uma homofóbica Constance e Chad sobre a competência da paternidade homossexual e o conceito de família e a incapacidade de ambos, hetero e homo, de criar filhos, uma cena final de confraternização familiar natalina entre os fantasmas da “murder house” sugere esperança para o ciclo estabelecida na casa.

Imagem: Cenas de American Horror History

Conhecendo um pouco Los Angeles, podemos entender o desespero da Violet correndo incessantemente para a porta de saída quando descobre que está morta e trancafiada em casa. Não bastassem todas as atrações turísticas tradicionais (Getty Center, Griffith Park, Catalina Island, Hollywood Boulevard, LACMA Museum, Universal Studios Hollywood, Sunset Strip, Disneyland Resort e The Huntington Library, Art Collections, and Botanical Gardens), a cidade ainda apresenta uma infinidade de opções de lazer noturno e diurno para os visitantes LGBTQI, sobretudo nos bairros Silver Lake, Los Feliz e principalmente o West Hollywood (ou WeHo). Há ainda a praia LGBTQI de Santa Mônica, Will Rogers Beach, e locais que fazem a diferença, como o Museum of Tolerence e o Celebration Theatre.

Se tudo isto não bastasse, a cidade ainda sedia dois grandes eventos anuais: o West Hollywood Halloween Carnaval (com presença de 500 mil fantasiados a partir do WeHo) em outubro e a LA Pride (Parada do Orgulho LGBT) em junho.

O turista pode ainda se hospedar no Hotel Cortez (317 South Spring Street, Los Angeles) – locação da quinta temporada de AHS ou, se preferir uma experiência mais real, no Stay On May (640 S Main St, Los Angeles) – o antigo Cecil Hotel, onde aconteceram os casos reais que inspiraram Ryan Murphy e Brad Falchuk.

Murder House - Imagem: Cena de American Horror History

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